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Alt  12.11.2006, 00:29   # 25
Madalena
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Caderno/Editorial: COTIDIANO Data: 02/Dez/2004
Coluna/Colunista: Pág. 07


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TURISMO SEXUAL
Acusada de aliciamento já foi vítima do tráfico humano

Hoje acusada de participação em uma quadrilha que aliciava mulheres cearenses para exploração sexual na Alemanha, a pernambucana Fabiana Santos de Mendonça, 23, já foi vítima do esquema de tráfico humano

Cláudio Ribeiro – da Redação

Uma das brasileiras acusadas de envolvimento na quadrilha que aliciava mulheres cearenses para exibi-las em um site pornográfico e também explorá-las sexualmente em ''pacotes turísticos'', admitiu, em depoimento à Justiça Federal, já ter sido vítima da própria rede de tráfico humano que atuava entre o Ceará e a Alemanha. A pernambucana Fabiana Santos de Mendonça, 23, foi uma das cinco pessoas denunciadas a prestar depoimento na segunda-feira, 29, na 11ª Vara Federal, num interrogatório que durou 7 horas.

Além de Fabiana, também foram ouvidos: o alemão Oliver Frank Günther, 41, acusado de ser o articulador da quadrilha no Ceará; sua mulher, Francisca Cristiane Lima de Oliveira, 32; e as garotas de programa Mariza Santos de Santana (''Bia'') e Rosilene Maria da Silva Ramos (''Rose''). Os cinco foram presos em flagrante no dia 25 de outubro último. Oliver continua no xadrez da Superintendência da Polícia Federal, no bairro de Fátima. Mariza e Rosilene foram transferidas para o presídio feminino, em Itaitinga. Cristiane é a única, atualmente, a responder ao processo em liberdade.

Fabiana contou à Justiça ter sido levada para a Alemanha em 2003, onde realizava programas sexuais ''das dez da manhã às onze da noite'' e chegava a trabalhar ''mesmo doente, com hemorragia''. Lá, disse ter tido o passaporte retido e teve ''dificuldades para abandonar a casa onde trabalhava'', por ser cobrada de uma dívida de quatro mil euros (equivalentes a R$ 14,5 mil). Na denúncia sobre o caso enviada à Justiça pelo Ministério Público Federal, consta que Fabiana trabalhou para o clube Wolft 01, na Alemanha, onde chegava a manter mais de 30 relações sexuais por dia, ''tendo ali seu passaporte, dinheiro e bilhetes de passagens retidos''. O proprietário do local seria um homem de nome Lothar, que já estaria sendo investigado pela Interpol.

Atualmente, a participação de Fabiana na quadrilha seria a de conseguir novas garotas para ''ofertar'' à clientela da agência de turismo sexual. Tirava as fotos dessas mulheres e sugeria a proposta de trabalho para a Europa. A empresa é sediada na Alemanha, tem um site em alemão e outro em inglês e pertence a Siegmund Stille, conhecido por ''Sigg''. O alemão é a sexta pessoa denunciada no processo (nº 2004.8100.18889-0), mas não chegou a ser preso pela polícia brasileira. A agência oferecia pacotes turísticos com ''viagens exclusivas ao Brasil para encontrar garotas quentes e de raça (...), férias inesquecíveis na América do Sul ou para um tempo maravilhoso em casa''. As mulheres ''ofertadas'' atendiam a clientela tanto no Brasil como na Alemanha. Segundo a procuradora da República Maria Candelária Di Ciero, Oliver Frank Günther seria o pé da agência no Brasil, ao lado de sua mulher, Cristiane. Os dois seriam responsáveis por providenciar fotos para o site. O contato com novas garotas seria feito por Fabiana, Mariza e Rosilene. Oliver tem contra si prisão decretada pela Justiça alemã, condenado a oito meses por uma acusação de fraude. Siegmund Stille já teria se envolvido, três anos atrás, em um caso de pornografia infantil.

Os cinco denunciados negaram, nos depoimentos, as acusações de aliciamento e tráfico de mulheres, mas admitiram conhecer o serviço oferecido pela agência de turismo sexual. Os depoimentos iniciaram a fase de instrução (tomada de depoimentos) de um processo semelhante ao que, também na última segunda-feira, resultou na condenação de um cearense e de um baiano, a 30 anos e oito meses e a 15 anos de reclusão, respectivamente, por aliciarem garotas para a rota Ceará-Espanha. A sentença foi a maior já aplicada a um caso de tráfico humano no Brasil. Pelo menos dez testemunhas do caso já foram intimadas para novos interrogatórios.

Alemães sabiam da apuração

Em escutas telefônicas autorizadas judicialmente, a Polícia Federal, através da ''Operação Mucuripe'', obteve várias conversas que denunciaram como funcionava o serviço da agência. Um diálogo entre os alemães Oliver Frank Günther e Siegmund Stille (''Sigg''), no dia 29 de agosto deste ano, às 19h43min, já revelava a preocupação dos dois com as investigações policiais.

Oliver diz a Sigg: ''A coisa aqui, por enquanto, está na mira dos Federais. Eles podem fechar o teu negócio, tão rápido, como num piscar de olhos. Portanto, no momento é melhor trabalhar ainda anonimamente. Assim como estamos trabalhando no momento. A agência no momento não pode ser pego. Pois não tem nenhuma locação, nenhum lugar, e eu penso que isto está bom assim.'' Sigg chegou a pedir que Oliver conseguisse mais fotos de ''brasileiras bonitas'' para a página da agência na Internet. Além disso, Oliver deveria fotografar, para o mesmo fim, um hotel e um motel em que aconteceriam os programas sexuais de estrangeiros que adquirissem os ''pacotes turísticos''.

Os dois alemães acusados de chefes da quadrilha conversaram mais de uma vez, por telefone, sobre o receio das atividades policiais. Oliver chegou até a comentar, numa ligação com um certo Michael, que não estaria gostando do esquema da agência de turismo sexual, que estaria ''com poucos clientes''.

Michael teria apontado outra pessoa, chamada Bernd, que tem o mesmo esquema. Na denúncia relatada pelo Ministério Público Federal, há vários diálogos extraídos dos grampos telefônicos. Sobre ''festas'', locais de encontros (pousadas, hotéis e motéis), preços e novos aliciamentos. Os nomes apurados estariam sob investigação da PF no Ceará e em Pernambuco, onde algumas das garotas e novos suspeitos foram localizados - morando ou a passeio.

Fonte: Trechos extraídos da denúncia do Ministério Público Federal à Justiça Federal.
(*) As conversas telefônicas monitoradas pela Polícia Federal foram autorizadas judicialmente.

Quem é quem

- Siegmund Stille: Também conhecido como ''Sigg'', o alemão, de 39 anos, é considerado o cabeça da organização. Seria um dos responsáveis pela agência de turismo sexual, ao lado de um compatriota. Sigg mora na Alemanha, mas tem cadastrado na Polícia Federal o endereço de uma casa em Jaboatão dos Guararapes (PE). Chegou a ser intimado para o depoimento da última segunda-feira, mas não foi localizado.

- Oliver Frank Günther: Alemão, 41 anos, residia no bairro Aldeota até ser preso pela Polícia Federal. Entre suas várias funções na agência estariam: fornecer material fotográfico para que Siegmund Stille alimentasse o site (que recrutava a clientela); agenciar as prostitutas para os clientes em visita a Fortaleza; preparar garotas para enviá-las à Alemanha, para praticar prostituição; receber e dar suporte aos turistas encaminhados pela agência.

- Francisca Cristiane Lima de Oliveira: Cearense, 32 anos, companheira de Oliver, com quem tem um filho. Também teria papel importante no esquema denunciado. Seria uma das agenciadoras de garotas, para que fossem fotografadas e fazia contatos com várias mulheres, a fim de fossem enviadas à Alemanha.

- Fabiana Santos de Mendonça, Mariza Santos de Santana e Rosilene Maria da Silva Ramos: Pernambucanas, as três moravam num mesmo apartamento em Fortaleza (bairro Meireles). Fabiana, 23 anos, seria uma das aliciadoras de ''novas e bonitas garotas para disponibilizar aos clientes da agência''. Também fazia fotografias das mulheres ''recrutadas''. Já foi vítima do próprio esquema, como admitiu à Justiça Federal. Mariza, 23, e Rosilene, 20, seriam ajudantes no esquema.
Fonte: Denúncia do Ministério Público Federal.


Depoimentos de 15 meninas

Busca e apreensão, depoimentos, exames grafotécnicos, pente fino nos números telefônicos, entre outros artifícios. Foi assim que foi conduzida a investigação iniciada pela delegada Cândida Brum, da Divisão de Apoio ao Turista (DAT) e que terminou com a descoberta de um esquema de aliciamento de mulheres cearenses para prostituição na Europa. ‘‘Depois da busca e apreensão tivemos os depoimentos de 15 meninas, algumas que tinham ido para Europa, outras que receberam convite e umas que estavam com passagem marcada’’, disse a delegada.

Cândida Brum presidiu o inquérito que descobriu a rede de tráfico de mulheres para a Espanha, envolvendo o cearense Francisco de Assis Marques de Aguiar e o baiano Valdinei Ramos dos Santos, ambos condenados a 30 anos e oito meses e a 15 anos de anos, respectivamente. Os dois podem recorrer, em liberdade, da sentença, assinada pelo juiz Danilo Fontenele Sampaio, da 11ªVara Federal.
‘‘Nós pegamos ainda material encontrado na casa do Assis e descobrimos fotografias de pessoas das famílias das meninas. Conversamos com todas elas’’, disse a delegada. Além disso, uma agenda foi encontrada na casa de Assis. Nela foram feitos exames grafotécnicos.

Na agenda foram encontrados números telefônicos que foram examinados junto à companhia telefônica. ‘‘Descobrimos que tinham diversas ligações para o Emílio (Emílio Zorrilla Garcia, acusado de chefiar o esquema) na Espanha’’, disse a delegada. Segundo ela, foi a partir daí que todas as informações se encaixaram ‘‘e fechamos o cerco’’.

O inquérito conduzido por Cândida hoje é considerado exemplar por autoridades da área policial de outros Estados que estão enfrentando problemas semelhantes. Segundo ela, quando esteve em maio deste ano na Espanha, Emílio Zorrilla estava preso. ‘‘Mas não pelo crime praticado aqui. Ele já havia sido solto e voltou a ser preso porque abriu uma outra casa na Espanha’’. Ela não soube informar se o espanhol continuava detido este mês. (Vanessa Alcântara)
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